Caros leitores, nós professores da rede estadual de ensino, completamos 22 dias de nossa Greve Geral no Interior e Capital. Essa já é a maior greve das últimas três décadas. São mais de seiscentas escolas paralisadas parcial ou totalmente, com cerca de 20 mil profissionais parados e centenas de milhares de alunos sem aulas. Isso tudo graças a postura intransigente, arrogante e desprovidade preocupaçao com a educação do nosso estado mostrada pelo atual governo.
O governo fez uma proposta de adequação a Lei do Piso, lei Nº 11738, que ao nosso ver destrói a carreira dos educadores cearenses. Assim a categoria em assembleia geral declarou a greve no dia 1º de agosto, a mesma iniciou legalmente no dia 5 do corrente mês. Depois de semanas de luta em todo o estado, de declarações absurdas do governador, como por exemplo: "Professor tem que dar aula por gosto, se acha que tá ganhando pouco peça demissão e vá para o ensino privado", ou ainda: " por mim nem carreira existiria." Nossa greve ganhou força, ganhou a adesão dos alunos, dos pais e de toda a sociedade que ficou perplexa com a falta de respeito com os educadores do estado. Tal força foi vista na passeata dos 10 mil, realizada na última quinta-feira 25 de agosto, onde além de tomar as avenidas Antonio Sales e Desembargador Moreira, estudantes e professores literalmente invadiram a assembleia legislativa.
Esse foi um momento histórico, único, na vida de qualquer pessoa, principalmente na minha. Ver os alunos gritarem palavras de ordem como: "sai, sai do méi, sai que meu professor é rei." "Cid, você vai ver o temporário é você!", ou então: "O professor é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo." Foi realmente marcante, nunca irei esquecer daquele dia. Após essa demonstração de força e apoio popular aos educadores, o governo que se negava a receber a categoria, resolve ceder e chama os representantes do Comando de Greve para uma conversa. Nesta conversa ele não foi claro, mas deu indicios de que a negociação pode acontecer e nós poderemos retornar as salas de aula. Sabemos que o governo não fez isso por bondade ou por respeito aos educadores, mas sim pela força do movimento, das massas nas ruas.